quarta-feira, 27 de maio de 2015

Serração

    

Hoje o dia amanheceu encoberto pela serração, era como se o céu quisesse tocar o chão. Como se quisesse se fundir, tornando-se um. A visão ao abrir a janela não podia ser mais bela. Era como se nada mais importasse, como se as coisas simples voltassem a ter o seu devido valor. Era uma paz que gritava ao coração que ainda há esperança, que é possível transpor as barreiras e se chegar onde o sol brilha pra todos. A visão daquela hora da manhã era tão celestial que podia-se esquecer a dor. Era uma sensação tão plena que o tempo podia parar e fazer aquele instante durar pra sempre. Mas como isso não é possível, essa pequena amostra do paraíso se esvai com os primeiros raios de sol da manha que se levanta. Os raios levam a utopia de um momento único, nos traz de volta a realidade, dissipam a serração e com ela um breve momento de plenitude na terra. Mas ele também aquece o coração que teve esse breve instante de céu na terra para lutar pra que esses instantes sejam contínuos  e não se restrinjam breves manhãs encobertas pela serração.




Por Lu Couto Gamito

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